segunda-feira, 30 de abril de 2012

Filosofia Moderna


A Filosofia Moderna corresponde ao pensamento desenvolvido da metade do século XV ao final do século XVIII. O que chamamos de mentalidade moderna advém das transformações culturais, sociais, religiosas e econômicas que ocorreram na Europa deste período.
Os historiadores da filosofia designam como filosofia moderna aquele saber que se desenvolve na Europa durante o século XVII tendo como referências principais o cartesianismo — isto é, a filosofia de René Descartes —, a ciência da Natureza galilaica — isto é, a mecânica de Galileu Galilei —, a nova idéia do conhecimento como síntese entre observação, experimentação e razão teórica baconiana — isto é, a filosofia de Francis Bacon — e as elaborações acerca da origem e das formas da soberania política a partir das idéias de direito natural e direito civil hobbesianas — isto é, do filósofo Thomas Hobbes.
Características da Filosofia Moderna:
1. Individualismo: quer dizer, a tendência a descuidar da tradição para acentuar o caráter pessoal do próprio pensamento.
2. Originalidade: contaminação não declarada, mas real. Concebe-se a originalidade mais como novidade que como 're-pensamento', penetração e desenvolvimento progressivo de um núcleo já discutido e aceito. A filosofia tende deste modo, a apresentar-se como uma revelação, uma manifestação da individualidade de cada filósofo, fracionando-se nas várias viões de mundo, condicionadas pela capacidade engenhosa de cada personagem e de cada nacionalidade.
3. A liberdade de procedimento: não somente no sentido de independência da doutrina revelada, mas também no sentido de falta de preocupação demonstrativa; as obras filosóficas dos tempos modernos têm uma forma expositiva e, frequentemente, mais que demonstrar, sugere; mais que persuadir, sugestiona.
Outros distintivos da filosofia moderna são a crescente tendência a fazer da razão não somente o tribunal supremo, mas também a característica peculiar do homem; sua separação completa da teologia, sendo-lhe muitas vezes até mesmo hostil; o abandono da língua latina, substituída pelas línguas vulgares; a multiplicação dos centros de cultura devido a quebra da unidade doutrinária: a cismundanidade, ou seja, o objeto de estudo passa a ser preponderantemente o mundo de cá, dos homens, abandonando quase por completo a transmundanidade tão presente na filosofia realista; daí, a atenção voltada primordialmente para a Natureza, levando deste modo ao triunfo do ponto de vista do quantitativo e do mensurável.

A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou:


RACIONALISMO
A presença de Descartes no cenário moderno marca decididamente toda a história do pensamento filosófico. Ele delimita a modernidade: o surgimento do subjetivismo como apelo ao homem criador, dominador e conquistador da natureza – o homem pensante.
É o principal pensador da racionalidade moderna, iniciou seu projeto perguntando-se sobre como é possível conhecer a realidade? E a sua resposta foi clara: só podemos conhecer a realidade pela razão. 
René Descartes, em seu trabalho filosófico, consolida de maneira diferenciada o que já vinha desenhando-se desde o século XVI: a valorização positiva do indivíduo e de sua subjetividade como espelho do governo da razão. Para Descartes, a verdade está no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si.
Eu penso, logo existo, ou seja, o pensamento como condição para a existência. Não vamos fazer neste trabalho uma reprodução sistematizada da trajetória cartesiana. O mais importante é deixarmos claro que foi com Descartes que pela primeira vez se pensou o fundamento “do que é o homem” a partir da presença do cogito.
A partir de Descartes, o conhecimento não está mais gravado no mundo, mas seu lugar é na consciência do sujeito pensante enquanto representação e/ou adequação entre a “coisa” (o mundo) e o pensamento (o cogito). É a consciência que demarca e dá validade para o que é conhecido. O cogito, segundo Descartes, cobre toda a realidade de uma experiência, sendo resultado de um processo que coloca em cena uma questão: a verdade como um projeto de fundação da consciência. A proposição: Eu penso, logo existo põe o pensar como aspecto essencial do sujeito. E isso em Descartes acaba por transformar a filosofia posterior a ele.
Descarte distingue três tipos de idéias: inatas, adventícias e factícias. As ideias adventícias são aquelas que nos chegam a partir dos sentidos, as factícias são provenientes da nossa imaginação, uma combinação de imagens fornecidas pelos sentidos e retidas na memória cuja combinação nos permite representarem (imaginar) coisas que nunca vimos.
Quais são então as ideias inatas? Fundamentalmente os conceitos matemáticos e a ideia de Deus. Este inatismo traduz a profunda confiança que Descartes têm na razão. Fonte de todo o conhecimento seguro e verdadeiro, faculdade universalmente partilhada, a razão ou bom senso é aquilo que define o homem como homem, o que o distingue dos outros animais.

EMPIRISMO
O empirismo  é uma doutrina filosófica que tem como principal teórico o inglês John Locke (1632-1704), que defende uma corrente a qual chamou de Tabula Rasa. Esta corrente afirma que as pessoas nada conhecem, como uma folha em branco. O conhecimento é limitado às experiências vivenciadas, e as aprendizagens se dão por meio de tentativas e erros.
Entende-se por empírico aquilo que pode ter sua veracidade ou falsidade verificada por meio dos resultados de experiências e observações. Teorias não bastam, somente através da experiência, de fatos ocorridos observados, um conhecimento é considerado pelo empirista.
O iniciador do empirismo é Francis Bacon. Enalteceu ele a experiência e o método dedutivo de tal modo, que o transcendente e a razão acabam por desaparecer na sombra. Falta-lhe, no entanto, a consciência crítica do empirismo, que foram aos poucos conquistando os seus sucessores e discípulos até Hume.
Segundo a teoria de Locke (com a qual concordavam os demais empiristas), a razão, tem a função de organizar os dados empíricos, apenas unir uns dados aos outros, que lhe chegam através da experiência. Segundo Locke, “nada pode existir na mente que não tenha passado antes pelos sentidos”, ou seja, as idéias surgem da experiência externa (via sensação), ou interna (via reflexão), e podem ser classificadas em simples (como a idéia de largura, que vêm da visão) ou compostas (a idéia de doença, resultado de uma associação de idéias).
O empirismo causou uma grande revolução na ciência, pois graças à valorização das experiências e do conhecimento científico, o homem passou a buscar resultados práticos, buscando o domínio da natureza. A partir do empirismo surgiu a metodologia científica.
O método empírico de Francis Bacon e de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos no Reino Unido a partir do século XVII. John Locke é considerado o fundador dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em oposição ao racionalismo que predominava na maior parte da Europa continental.
Para Hume, o simples fato de um fenômeno ser sempre seguido de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade seria, portanto, uma "criação" humana, uma acumulação de hábitos desenvolvida em resposta às sensações. No entanto, a crença nessas "verdades" pretensamente inabaláveis, que dariam ao mundo uma aparência de estabilidade, seria ilusão.

CRITICISMO
Para Kant, o espaço e o tempo não são extraídos da experiência, mas se constituem como intuições a priori, por existir na mente do sujeito como as condições pelas quais os fenômenos seriam percebidos: o espaço teria a função de apreender os objetos fora do sujeito; o tempo seria responsável pelo modo como o sujeito tem acesso às suas mudanças no tempo. Se a matemática obteve sucesso nos seus resultados, isso se deu em função dela tomar como base uma intuição pura, dotada de espaço e tempo, enquanto formas a priori. Assim, espaço e tempo seriam as duas condições necessárias para que o conhecimento matemático tivesse resultados de caráter universal e necessário. Por necessário e universal deve-se entender aquilo que seria inquestionável, que seria aceito sem qualquer discussão: por exemplo, ninguém duvida que os ângulos internos de um triângulo correspondam a dois ângulos retos. No entanto, resta ainda saber como a física teria conquistado essa condição.
A tarefa iniciada por Kant, de superação da incapacidade humana de se servir do seu próprio entendimento e ousar servir-se da própria razão, não poderão jamais ser completados. As teorias do conhecimento que se desenvolveram tanto na Antiguidade quanto na Idade Média não colocavam cm duvida a possibilidade de conhecer a realidade tal qual é.
Para o filósofo, não é a razão que deveria se curvar a uma realidade objetiva qualquer, mas toda e qualquer realidade objetiva é que deveria se submeter às exigências da razão.
A experiência, portanto, é uma unidade sintética, ou seja, não é só a combinação de matéria (“aquilo que no fenômeno corresponde a sensação”) e forma (‘aquilo que faz com que a diversidade do fenômeno seja ordenada na intuição, através de certas relações’), mas também, a combinação das formas da intuição e do entendimento e suas relações funcionais.
Com isso Kant conclui pela impossibilidade do conhecimento através do uso puramente especulativo da razão. A razão especulativa, entretanto, embora não possa conhecer o ser em si, abstrato, que não se oferece à experiência e aos sentidos pode pensá-lo e coloca problemas que serão resolvidos no âmbito da razão pratica. Isto e, no campo da ação e da moral.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pensamento Educacional de Platão e Aristóteles


Platão
"A educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter".
Platão aponta uma perspectiva que ainda alimenta a mística da educação como promoção e qualificação do ser. Ou seja, uma coletividade justa e voltada para o bem nasce de um processo em que os indivíduos são educados para a construção da justiça, embora ela nem sempre seja fácil de ser conceituada, fundamentada ou mesmo justificada pela argumentação.
Acreditava serem os homens diferentes por natureza, devendo ser colocados em classes que correspondam às diferenças básicas, desenvolveu um plano educacional que atenderia a essa necessidade. Segundo esse plano, os homens seriam selecionados e preparados para trabalhar em uma das três classes por ele enunciadas.
Platão acreditava que, se o Estado adotasse tal sistema educacional, teria uma sociedade ideal, na qual todos se dedicariam ao trabalho para o qual fossem aptos e estivessem preparados, e a sociedade, assim, seria feliz.
Aristóteles
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
Segundo Aristóteles, a Educação é superior às leis e o círculo da ciência do humano se "fecha" na educação. A educação deve ser pública e deve ser direcionada para a virtude. A virtude depende em boa parte da educação, da experiência e do tempo. Para Aristóteles, é praticando as virtudes que nos tornamos virtuoso. Tornamo-nos virtuosos não por sabermos o que é a justiça, mas por praticarmos. Para Aristóteles, a virtude se define pelo meio termo entre o excesso e a falta, ou seja, é o meio termo entre dois defeitos.
Segundo Aristóteles o objetivo da educação é fazer as pessoas virtuosas. Devia, portanto, haver três períodos de treinamento, adaptados aos três períodos do desenvolvimento do homem.
As teorias de Platão e Aristóteles, ressaltando o emprego da educação pelo Estado como meio de preparar bons cidadãos, não exerceram, em sua época, grande influência na vida de Atenas. Ao contrário, dominava a dos sofistas, na qual a educação se destinava a atender aos interesses individuais. O individualismo daquele tempo não seria logo eliminado por uns poucos filósofos.
Portanto para Aristóteles o fim da arte e da educação é substituir a natureza e completar aquilo que ela apenas começou e já para Platão a educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter.




Ontologia


O termo Ontologia é originário da filosofia grega. Ontologia é um ramo da filosofia que lida com a nossa constituição mais íntima, isto é, com o nosso ser. Esse termo foi introduzido por Aristóteles para desenvolver um conhecimento, uma ciência do Ser, da Essência humana. Por isso, o termo significa: Ontós = Ser, e Logos = Conhecimento: Conhecimento sobre o Ser. Antes de passarmos para esse ramo do conhecimento que se chama Ontologia, trilhemos um caminho pelo problema do conhecimento desde Platão. Lembre-se: o conhecimento não está desvinculado da ontologia.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Filosofia" e "Filosofia de Vida"


Filosofia: segundo Merleau-Ponty, filósofo francês é uma maneira de reaprender a ver o mundo. Não há dúvida de que a filosofia dá sentido à vida humana, não sendo, portanto, necessária apenas para o indivíduo, mas para toda a sociedade. A filosofia é útil à medida que nos faz distanciar das impressões ingênuas que temos das coisas para nos dar condições de agir criticamente. Ela nos permite deixar de lado os preconceitos para dar vazão a uma reflexão fértil e necessária sobre tudo o que nos diz respeito.

Filosofia de Vida: possibilita ao homem se orientar no meio em que vive. Porém, por seu caráter espontâneo, assistemático, ela não tem nada a ver com a filosofia enquanto sistema organizado de pensamento. Apesar disso, a “filosofia de vida” também parte da realidade com o intuito de operar sobre ela: a realidade da vida. Está relacionada à mera opinião, cujo termo grego é doxa, ou seja, a uma especulação rasa e simplista sobre as coisas, sem nenhum conteúdo rigorosamente reflexivo. O que temos na “filosofia de vida” é uma concepção de mundo que o homem acaba desenvolvendo para uso pessoal.

Mito


Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.). Expressa, através do seu poder criativo, como as coisas passaram a existir, a sua origem.  Apesar de se constituir como uma criação, ele não pode ser interpretado como uma simples invenção, uma ficção, uma fábula ou algo parecido. A sua finalidade é representar, por meio de uma linguagem simbólica, a realidade do mundo humano. É marcado por um forte simbolismo, por uma forma de expressão até mesmo literária. Muitos mitos são transmitidos através das epopéias cuja poesia expressa o mundo poético do povo grego.
O mito na Filosofia para os pensadores que se preocupam em responder racionalmente aos grandes interrogativos da nossa existência (quem somos? de onde viemos? para onde vamos? por que vivemos?), o mito é visto como uma forma metafórica de conhecimento da realidade, uma alegoria que procura explicar de uma forma concreta, plástica, o que é transcendental, pois não está ao alcance da nossa inteligência. Assim o filósofo Platão, pelo "mito da caverna", explica as várias fases do conhecimento através de uma alegoria: o homem, que sai de uma caverna obscura e passa por diversos graus de sombra, penumbra e luz até poder olhar diretamente o Sol, representa a passagem do conhecimento do mundo físico para o mundo das idéias: da doxa, conhecimento sensível, empírico, da opinião comum, através da diánoia, conhecimento discursivo, evolutivo, se chega à noésis, evidência puramente intelectual.
Na cultura ocidental, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador, pois acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que consegue enxergar os acontecimentos passados e ver a origem de todos os seres e de todas as coisas.
Já na Narratologia, o vocábulo "mito" é tomado como elemento estrutural do texto literário, distinguindo-se o mito religioso, que implica numa crença cultivada por um grupo social e que está na base das várias mitologias, do mito artístico, que é uma história fantasiada por um poeta.
Mito da caverna de Platão
A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.
Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).
Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.
Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com Deus).
Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.