RACIONALISMO
A presença
de Descartes no cenário moderno marca decididamente toda a história do
pensamento filosófico. Ele delimita a modernidade: o surgimento do subjetivismo
como apelo ao homem criador, dominador e conquistador da natureza – o homem
pensante.
É o
principal pensador da racionalidade moderna, iniciou seu projeto perguntando-se
sobre como é possível conhecer a realidade? E a sua resposta foi clara: só
podemos conhecer a realidade pela razão.
René Descartes,
em seu trabalho filosófico, consolida de maneira diferenciada o que já vinha
desenhando-se desde o século XVI: a valorização positiva do indivíduo e de sua
subjetividade como espelho do governo da razão. Para Descartes, a verdade está
no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si.
Eu penso,
logo existo, ou seja, o pensamento como condição para a existência. Não vamos
fazer neste trabalho uma reprodução sistematizada da trajetória cartesiana. O
mais importante é deixarmos claro que foi com Descartes que pela primeira vez
se pensou o fundamento “do que é o homem” a partir da presença do cogito.
A partir
de Descartes, o conhecimento não está mais gravado no mundo, mas seu lugar é na
consciência do sujeito pensante enquanto representação e/ou adequação entre a
“coisa” (o mundo) e o pensamento (o cogito). É a consciência que demarca e dá
validade para o que é conhecido. O cogito, segundo Descartes, cobre toda a
realidade de uma experiência, sendo resultado de um processo que coloca em cena
uma questão: a verdade como um projeto de fundação da consciência. A
proposição: Eu penso, logo existo põe o pensar como aspecto essencial do
sujeito. E isso em Descartes acaba por transformar a filosofia posterior a ele.
Descarte
distingue três tipos de idéias: inatas, adventícias e factícias. As ideias
adventícias são aquelas que nos chegam a partir dos sentidos, as factícias são
provenientes da nossa imaginação, uma combinação de imagens fornecidas pelos
sentidos e retidas na memória cuja combinação nos permite representarem
(imaginar) coisas que nunca vimos.
Quais são
então as ideias inatas? Fundamentalmente os conceitos matemáticos e a ideia de
Deus. Este inatismo traduz a profunda confiança que Descartes têm na razão.
Fonte de todo o conhecimento seguro e verdadeiro, faculdade universalmente
partilhada, a razão ou bom senso é aquilo que define o homem como homem, o que
o distingue dos outros animais.
EMPIRISMO
O empirismo
é uma doutrina filosófica que tem como principal teórico o inglês John Locke
(1632-1704), que defende uma corrente a qual chamou de Tabula Rasa. Esta
corrente afirma que as pessoas nada conhecem, como uma
folha em branco. O conhecimento é limitado às experiências vivenciadas, e as
aprendizagens se dão por meio de tentativas e erros.
Entende-se por empírico aquilo que
pode ter sua veracidade ou falsidade verificada por meio dos resultados de
experiências e observações. Teorias não bastam, somente através da experiência, de fatos
ocorridos observados, um conhecimento é considerado pelo empirista.
O iniciador do empirismo é Francis Bacon. Enalteceu ele a
experiência e o método dedutivo de tal modo, que o transcendente e a razão
acabam por desaparecer na sombra. Falta-lhe, no entanto, a consciência crítica
do empirismo, que foram aos poucos conquistando os seus sucessores e discípulos
até Hume.
Segundo a teoria de Locke (com a
qual concordavam os demais empiristas), a razão, tem a função de organizar os
dados empíricos, apenas unir uns dados aos outros, que lhe chegam através da
experiência. Segundo Locke, “nada pode existir na mente que não tenha passado
antes pelos sentidos”, ou seja, as idéias surgem da experiência externa (via
sensação), ou interna (via reflexão), e podem ser classificadas em simples
(como a idéia de largura, que vêm da visão) ou compostas (a idéia de doença,
resultado de uma associação de idéias).
O empirismo causou uma grande
revolução na ciência, pois graças à valorização das experiências e do
conhecimento científico, o homem passou a buscar resultados práticos, buscando
o domínio da natureza. A partir do empirismo surgiu a metodologia científica.
O método empírico de Francis Bacon e
de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos no Reino Unido a partir do século XVII. John Locke é considerado o
fundador dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em
oposição ao racionalismo que predominava na maior parte da Europa continental.
Para Hume, o simples fato de um fenômeno ser sempre seguido
de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado
como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam
mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade seria, portanto,
uma "criação" humana, uma acumulação de hábitos desenvolvida em
resposta às sensações. No entanto, a crença nessas "verdades"
pretensamente inabaláveis, que dariam ao mundo uma aparência de estabilidade,
seria ilusão.
CRITICISMO
Para Kant, o espaço e o tempo não
são extraídos da experiência, mas se constituem como intuições a priori, por
existir na mente do sujeito como as condições pelas quais os fenômenos seriam
percebidos: o espaço teria a função de apreender os objetos fora do sujeito; o
tempo seria responsável pelo modo como o sujeito tem acesso às suas mudanças no
tempo. Se a matemática obteve sucesso nos seus resultados, isso se deu em
função dela tomar como base uma intuição pura, dotada de espaço e tempo,
enquanto formas a priori. Assim, espaço e tempo seriam as duas condições
necessárias para que o conhecimento matemático tivesse resultados de caráter
universal e necessário. Por necessário e universal deve-se entender aquilo que
seria inquestionável, que seria aceito sem qualquer discussão: por exemplo,
ninguém duvida que os ângulos internos de um triângulo correspondam a dois
ângulos retos. No entanto, resta ainda saber como a física teria conquistado
essa condição.
A tarefa iniciada por Kant, de
superação da incapacidade humana de se servir do seu próprio entendimento e
ousar servir-se da própria razão, não poderão jamais ser completados. As
teorias do conhecimento que se desenvolveram tanto na Antiguidade quanto na
Idade Média não colocavam cm duvida a possibilidade de conhecer a realidade tal
qual é.
Para o filósofo, não é a razão que
deveria se curvar a uma realidade objetiva qualquer, mas toda e qualquer
realidade objetiva é que deveria se submeter às exigências da razão.
A
experiência, portanto, é uma unidade sintética, ou seja, não é só a combinação
de matéria (“aquilo que no fenômeno corresponde a sensação”) e forma (‘aquilo
que faz com que a diversidade do fenômeno seja ordenada na intuição, através de
certas relações’), mas também, a combinação das formas da intuição e do
entendimento e suas relações funcionais.
Com isso Kant conclui pela impossibilidade do
conhecimento através do uso puramente especulativo da razão. A razão
especulativa, entretanto, embora não possa conhecer o ser em si, abstrato, que
não se oferece à experiência e aos sentidos pode pensá-lo e coloca problemas
que serão resolvidos no âmbito da razão pratica. Isto e, no campo da ação e da
moral.